segunda-feira, 18 de junho de 2012

Flauta

Olivia aprendeu a tocar flauta. Eu pus a flauta na boca dela, e, acho que ela respirou e o som saiu. Pronto, ela paralisou. Entre o susto e a alegria, riu. Pegou a flauta das minhas mãos, tentou por na boca de novo, sem suceso, mas eu o fiz por ela. Assoprou. Assoprava e o som saia, alto, enquanto ela ria e me olhava, encantada. Que lindo era de ver, ela se alegrando com o som do sopro, coisa tão besta e tola, que a gente nunca nem repara. Mas a vida com bebês é assim né? Cheia de descobertas e encatamentos que estão aí, sempre ao alcance dos nossos olhos que, de tão viciados, não vêem mais sozinhos. Obrigada, filha querida, por me brindar com esses pequenos milagres. Obrigada por me lembrar que a vida é repleta deles, tantos e tantos, que não sei como um dia, me esqueci...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

FAMÍLIA >> Kika Coutinho

www.cronicadodia.com.br É no cotidiano que assisto às minhas duas filhas se tornando irmãs. Já são, desde sempre, irmãs. Mas a mágica da intimidade, do afeto e do desafeto, dos ciúmes e do amor encantado dos irmãos, se faz na rotina cotidiana, aqueles dias repetidos, quando tudo parece igual. É nesses dias, cheios de simplicidade e ócio, que se forma a mágica, o milagre da construção de uma família. Quando as assisto às minhas filhas se descobrindo, quase rio ao pensar que um dia elas terão amigas sinceras, amizades fortes, que construirão na escola, na vizinhança, ou não sei onde; e a essas dirão que são como irmãs. Irão declarar amor eterno, contato eterno, juras e mais juras de que serão para sempre amigos, porque são irmãos escolhidos, algo assim. E eu juro que vou assistir calada, por mais que me tente a avisá-las que irmãos, irmãos mesmo, são esses que de bebezinho se conheciam. Irmãs com intimidade, que sabem onde uma tem pinta, onde a outra tem cócegas, do que é aquela cicatriz que ela tem na testa e aquela que a outra fez quando caiu da bicicleta. Irmãos são esses que sabem as histórias mais antigas de um e de outro, conhecem os detalhes dessa família da qual fazem parte, sabem os orgulhos e as vergonhas escondidas, aquelas que não ousamos partilhar nem mesmo com o espelho, os irmãos as sabem... É tão imensamente gratificante assistir às minhas meninas tornarem-se isso. Tornam-se, conosco, uma família. Não sou simplesmente parte de uma família, sou a forma de uma família, porque a crio e recrio, todos os dias, a cada despertar. E quando penso no que posso ofertar a elas de melhor, como mãe, não vem à minha mente as melhores escolas, nem as mais incríveis viagens, nem mesmo o maior amor do mundo, ainda que isso seja verdade. Quando penso no que de melhor posso ofertar-lhes, penso em ofertar-lhes uma à outra simplesmente. Porque é esse o legado que deixarei a vocês, minhas pequenas. Se Deus for bom como tem sido, se a vida for honestamente justa, se eu continuar dando a sorte que dei, é isso que terei lhes deixado daqui a muitos anos, uma família. Portanto, minha torcida é por coisas miúdas, quase bestas, que se engrandecem quando feitas diante dos meus olhos encantados de mãe. Torço para que vocês cochichem seus segredos mais íntimos, dividam a boneca, ainda que seja a ridícula da Barbie, não há de ser nada, não me importarei nem mesmo se se tornarem peruas, desde que possam compartilhar dos escarpans (ai Jesuis!) e das piadas internas, que possam se consolar quando um babaca qualquer partir o coração de uma de vocês, talvez até das duas (se vocês acharem dois babacas, vou te contar hein?). Mas, meninas queridas, se, depois disso tudo vocês ainda se reunirem ao redor de uma mesa, rirem e tomarem uma garrafa de vinho juntas, quem sabe possam desfrutar dos filhos uma da outra e, enfim, dar continuidade àquilo que chamamos de família, àquela baboseira de sobrenome, e etc. e tal, se vocês partilharem isso e as lembranças antigas dessa velha família à qual pretendo dedicar a minha vida, pronto, está feito. Que o milagre prossiga, portanto, nessa segunda-feira fria, e todos os outros dias. Fonte: Crônica do Dia

Embuchados

Já repararam que os casais famosos, da ficção, nunca têm filhos? Eu queria saber onde estão os filhos dos casais que fazem sucesso na TV, no cinema, os grandes astros da nossa imaginação? Cinderela e o príncipe, a Bela e a Fera, Carrie e Mr. Big, hein, hein, hein? Nem Rui e Vani, que se dizem tão normais... Normais, coisa nenhuma. Eu queria ver a Vani de peito rachado, andando quase que de quatro - não por loucuras de amor - mas por sentir o corte da cesárea rasgando por dentro. Eu queria ver o Romeu acordando de madrugada, a Julieta entrando no quarto escuro de seu filho, pé ante pé, fazendo shhhh, enquanto mentaliza: “Durma, durma, por favor, durma” Eu queria ver o Superman correndo (ou voando) para comprar fraldas, leite, cotonete ou qualquer coisa assim no meio da noite, voltar com o produto errado e ouvir da doce Luis Lane: “Aaaaaaai, que fralda é essa?! Não sabe que tem que ter elástico que faz aquele puxa?” Porque não conhecemos a vasta prole que poderia ter tido a Rapunzel? O que seriam das lindas tranças ruivas da moça se ela tivesse uma criança nos braços: “Não! Filho não puxa, ai ta machucando a mamãe, solta, solta, ai...” Eu gostaria de ver Scarlett O’hara cuidando de um bebezinho? Ela tiraria meleca do nariz dele,enquanto o pequeno estaria aos prantos se debatendo? Ela seguraria firme, os bracinhos, as perninhas, e ainda manejando um cotonete: “Pera filho tem uma melecona aqui, ai tá quase saindo pára de se mexer, um minuto... Amooor, traz o aspirador de meleca, vou tentar de novo, ajuda aqui, segura as pernas dele, vamos, tá quase”. Será? Não. Nem a Dama e o vagabundo, bichos tão mundanos, não se deram ao trabalho. Por isso eu digo, tudo um bando de mentirosos, imitação grotesca da realidade. Eu, eu sim que sou uma mulher de verdade. Eu que canto, danço e sapateio aqui. Pra dar papinha, amamentar, tirar meleca de nariz de criança que nem consegue assoar o próprio catarro. Eu, eu é que sei. Eu e, talvez, Dona Neném e seu Lineu. E só.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carta para quando eu for velha

no blog alheio, da Marcia Um dia, e não deve demorar muito, vou notar fios brancos no meu cabelo. Pior: um dia, vou procurar se restaram alguns fios pretos no meu cabelo. Vou sentir algumas dores nas pernas, ou nas costas, ou a carga da vida será pesada para mim. E, se eu pudesse deixar um recado para essa mulher que eu serei então, eu pediria, talvez, para que ela fosse doce. Quando eu for velha, desejo manter alguma alegria, ainda que amargura me seja tentadora, que eu possa ver alguma beleza na vida. Que eu possa ver beleza em mim mesma, mesmo que meu rosto esteja amassado, os olhos um pouco apagados, que eu me lembre de quanto achava ridículo as mulheres lotadas de botox,e não caie na armadilha de esticar-me toda, para tentar ser aquilo que não preciso mais ser. Que eu me lembre desse tempo de hoje, e aceite essa outra forma de beleza, senão sem dores, com muita dignidade. Que eu tenha mãos firmes para passar base e, quiçá delineador, que eu saiba o valor e o momento de um bom perfume, de um bom penteado, de uma roupa bem cortada. Que eu não caia na tentação de vestir-me como uma velha, ou – pior – que eu não caia no ridículo de usar roupas parecidas com as das minhas netas. Que eu não implique com a vida, com o tempo, com o meu companheiro. Aliás, se ele tornar-se irritante, diabético, surdo ou o que quer que seja, desejo lembrar-me das promessas antigas, do companheirismo de uma vida, das inúmeras vezes em que eu, jovem, fui irritante e surda, e ele esteve ao meu lado. Que eu possa relevar as frases repetidas, que eu tenha paciência para as pequenezas dele, e procure evitar as minhas. Que eu saiba rir da vida, de mim mesma, de nós dois. Mesmo que as piadas sejam péssimas; as gargalhadas não deveriam tornar-se tão raras quanto as caminhadas ou as corridas. Que eu possa ainda, fazer meu companheiro rir, mesmo que me dê uma preguiça danada. Que eu não cobre dos meus filhos, netos, amigos, mais do que eles me ofereçam. E que, em sendo oferecido pouco deles a mim, que isso não me amargure, mesmo que seja infinitamente injusto e cruel – e deve ser – que eu tenha aceitação e alegria. Que eu tenha assunto e conhecimento, que eu tenha prazeres e encantamentos, sabedoria e discernimento. Que eu me mantenha lendo bastante, para que eu possa achar assunto nos jornais, nas revistas, nos novos e nos velhos livros. Senão me restar amigos, ou amores, que o conhecimento me salve de uma rotina infinitamente chata e comprida. Que eu aprenda a apreciar flores, comida, música, ou qualquer uma dessas coisas oferecidas em abundância pela vida, porque, assim, mesmo que me falte o resto, ainda terei o gosto ou o som do que me faz feliz. E, enfim, se eu pudesse deixar um último recado a essa velhinha que eu serei, eu pediria que ela lembrasse da menina que foi um dia e que fosse gentil com essa moça, com seus próprios erros, acertos, escorregadas e tentativas vãs. Que ela não fosse muito rígida com a vida, e nem com essa jovem abusada e tola que, um dia, sentou-se num jardim ensolarado, para deixar-lhe uma pequena carta, cheia de palavras e idéias que, talvez, um dia, não façam, absolutamente, o menor sentido.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A mulher média

A alegria de ser comum. Aqui. A culpa é das capas de revistas. Claro, também das atrizes, das estrelas, dessas loucas que engordam 9 kg na gestação e depois perdem 12. Dessas que estão sempre combinando, até quando descombinam... Por anos eu tentei ser uma delas. É verdade que não com muito afinco, porque quando soube que teria fazer hidratação no cabelo toda semana, tomar banho meio friozinho e passar maquiagem todas as manhãs — pior, tirar tudo todas as noites — ai, já não queria tanto. Mas junto com os pés de galinha, o bigode chinês e a queda dos peitos, vem também uma lucidez clara, tal como uma lâmpada dessas brancas que, embora não tenha muita estética, ilumina mesmo o que está diante de nós. E, com tudo visto, resolvi decretar: quero ser a mulher média. Me parece óbvio, aliás que, se quero filhos normais, marido normal, vida normal, também deva simplesmente ser uma mulher normal. Ah, como é difícil encontrar normalidade hoje em dia. Gente normal, sabe? Dessas que às vezes dão uma gafe, dessas que se vestem meio inapropriadamente porque acharam que era mais ou menos chique do que era. Dessas que nem sempre conseguem passar corretivo, rímel, e que cedem à sapatilha ou ao tênis mesmo que não fique tão bom. Dessas que comem arroz branco, feijão, uma macarronada se for sexta, tá bom, se for terça também. Não estou falando da mulher desleixada, da glutona, da que sai de pantufas e crocs — ok, de vez em nunca tudo bem — mas falo da mulher média, que se arruma, se cuida, passa creme até, mas que, quando pode, prefere um all-star a um salto 10, da mulher que reconhece que praia e base não combinam, que gosta de uma novelinha, talvez até Big Brother — e daí? Gente viva que reconheça o valor de um bom banho quente, o valor do sol no rosto, o valor da saúde, o valor incontável do dolce far niente, saca? Não quero ser a chata que só lê os russos nem a tosca que recita Michel Teló. Uma mulher média, dessas que costumam andar com a mesma bolsa, aquela bolsa normal, da Corello, Arezzo ou Standcenter que, no final, dá mais ou menos na mesma. Uma mulher dessas que tem uns dois casacos bons e liga mais para a cor do sapato do que para a cor da sola do sapato, afinal. Claro que deve ser bom estar sempre impecável, ter sempre a pele de pêssego, quem não quer? Ah, eu queria, claro, não estou dando uma de rogada, me fazendo blasé, bem eu que adoro um produtinho milagoroso, imagine, longe de mim. Eu realmente queria se fosse grátis, mas descobri que não é. Além de ser caro, financeiramente, é opressivo e — o pior — te desfoca. A busca da perfeição, pra mim pelo menos, que adoro um banho pelando, e que odeio, leia-se ODEIO tirar maquiagem, é muito opressiva. Talvez seja porque tenho menos tempo, talvez seja a metade da vida que se aproxima muito velozmente, talvez sejam as minhas filhas virando meninas grandes diante de mim, não sei, mas hoje o foco mudou e sinto-me libertada por não precisar fazer a unha meticulosamente toda semana. Veja, isso não é uma apologia ao descuido e ao relaxo, não. Muito menos uma conversa esquerdista, dessas antigas. Nem tem tanto a ver com dinheiro quanto se pensa. Conheço, de fato, mulheres riquíssimas, ricas de dinheiro mesmo, sem essa balela de que são ricas de espírito, não, mulheres cheias da grana, bufunfa rolando no banco que, acreditem, portam-se como mulheres médias. Estão arrumadas, são bonitas inclusive, elegantes na sua normalidade, chiques no seu conforto. Mas são médias porque permitem-se um ou outro erro, comemoram os acertos e, sobretudo, valem-se deles para sentirem que, assim, na libertadora e inconveniente maturidade, é que se encontra a alegria — não da chegada — mas da doce caminhada. Ufa. Fonte: Crônica do Dia: A MULHER MÉDIA >> Kika Coutinho

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Ela baba

É quase engraçado de lembrar. A Sofia nunca tomou uma pancada, quando bebê. Parece óbvio né? Um bebê não apanhar, claro. A Sofia era tratada a pãe de ló, quando enroscava a pequena unha nos meus casacos de lã, eu até me desculpava, tamanho era o cuidado com aquele bebê frágil e indefeso. Ok, corta a cena. Dois anos depois, outro bebê na casa e, num instante, aquela criança que nem fala, nem anda, muito menos se defende, leva uma porrada com o controle remoto, direto na cabeça. Meu Deus e a moleira nem fechou!! Corro pra ver, está tudo bem, a Olivia grita, mas está bem. Foi só mais uma porrada, probrezina, ela que já nasceu apanhando. São assim os caçulas né? Já nascem apanhando. Mal chegam em casa e já ganham aquele abraço de urso do irmão mais velho. Parece tão lindinho, porque ela está chorando, me pergunto, chegando mais perto e, daí sim, notando uma mão que enforca o pescocinho da pequena. Era só um abraço, mas, se dá pra dar um apertinho, vamos lá né? É difícil dizer que não se amam, porque senão é amor, o que é essa dependência, essa ligação tão forte e próxima, que, as vezes, vejo que uma não sabe bem onde começa ela e onde começa a outra? É assim a relação de irmãos próximos, uma língua estrangeira, que a gente não sabe onde começa uma palavra e onde termina a outra. Para nós, de fora, é tudo uma sentença só, mesmo sabendo que ali devem ter várias - e diferentes - palavras, frases e pontuações. Por outro lado, é um experimento o ato de se ter irmãos. Como é a vida dos pequenos né? Eles se surpreendem com tudo, com uma gota de água no chão da sala, com uma folhinha verde na árvore do parquinho, com uma pedra luminosa da areia e assim por diante. Como não se surpreenderiam com um irmão? Uma irmã? O outro ali, pequeno feito boneco, mas cheio de sons, gestos e barulhos estranhos... "Mamãe, ela babá!" me falou outro dia a Sofia, apontando a irmã que tinha a boca molhada. O encantamento e a surpresa que tinham ali, naquela pequena descoberta, são indescritíveis. Assistindo esses pequenos milagres, essas tolas e preciosas mágicas da vida, não consigo deixar de me perguntar: Quando foi mesmo, que nos acostumamos à vida, e deixamos de lado o encantamento?

Velhice

No Cronica do dia Eu devia ter uns doze anos quando resolvi que ia gostar de futebol. Armada de uma camisa do Corinthians, uma dezena de opiniões fraquíssimas sobre o assunto, e uma dose de rebeldia, cheguei ao Pacaembu para um clássico daqueles. Era uma tarde quente de verão e, ao meu lado, torcia o São Paulino fanático, inimigo da partida, rival dos grandes, sentávamos lado a lado. Ele xingava, eu também, meu pai também, meu irmão mais ainda, os amigos dele idem. Era uma barbárie aquilo, mas, uma bárbarie em paz; quem diria? Depois de uma curtíssima temporada no assunto, guardo lembranças divertidas dessa época, e chego a duvidar que era assim. Perguntei outro dia para um amigo, entendedor do assunto: Posso jurar que vivi numa época em que não havia separação de torcida, nos estádios. Sonhei? Cherei ácido, ou o quê? - Envelheceu, respondeu meu colega, cheio de nostalgia - Até por achar que ácido se cheira, você realmente está fora da casinha - Completou. Ah tá. De fato. Houve um tempo em que as torcidas podiam sentar-se lado a lado nos estádios. Inimaginável em dias de guerra como hoje, não? A idade nos faz ver tudo com cores diferentes, mesmo. Saquei da minha péssima memória, outros clássicos do passado, que nossos filhos não conhecerão: Dirigir com o braço pra fora do carro, quem não se lembra? Meu pai dirigia assim, as mãos penduradas na janela do carro, inteirinha aberta, um ventinho gostoso nos dando a falsa sensação de liberdade. Eu, criança, assistia a tudo deitada (!!) no banco traseiro do nosso Opala. Lembro das copas das árvores, os fios dos postes e, mais no alto ainda, as nuvens de algodão, formando-se diante dos meus olhos infantis, e incautos. Conforme fui crescendo meus pés se erguiam um pouco; eu permanecia deitada, agora, com os pés pra cima, grudados no vidro fechado ddo carro. Que criança pode ficar deitada no banco de trás de um carro? Como mesmo que vivemos até aqui? Éramos heróis, não? Parávamos em fila dupla, comiámos pele de frango (bem torradinha), deixávamos o carro um instantinho ali, no meio da rua, para pegar uma encomenda, um horror. Ainda por cima tínhamos empregadas que dormiam em casa, iam embora de 15 em 15 dias, aos domingos, e olhe lá. Nossos pais, avós fumavam e fumavam em aviões, escritórios, ônibus, uma coisa maluca. Os entregadores de pizza vinham até a nossa porta, que vivia aberta. Hoje, vejam, tem uma tal de uma roda onde largam a pizza, falam só por interfone, e sinto que não tardarão em revistar nossa muzzarela, revirarão os tomates, não quero nem pensar. A vida muda um bocado, mesmo, e, isolados os adjetivos e as polêmicas, sem clichês de certo e errado, involução ou evolução, nada disso convém... O que é claro e certeiro, isso sim, meu amigo entendedor de futebol tem razão, é que quando a gente começa a achar que tudo era diferente, que os políticos não eram assim tão ruins, e as pessoas podiam confiar umas nas outras, o diagnóstico é preciso: Velhice. Não tem como escapar. Fonte: Crônica do Dia