Das pequeninices que eu amo

Amo os pequenos detalhes.
Amo dar a mamadeira enquanto desvio de seus dedinhos que querem - docemente -beliscar meu nariz, furar os meus olos, puxar meu cabelo.
Amo adivinhar o que ela quis dizer, cada balbuciada vai tomando forma. É quase que rídiculo. Outro dia, entrando na garagem do prédio, eu disse "chegamos". E, de repente, escuto minha filhota dizer: egaaa. "Ela disse chegamos!" Gritei, alvoriçada. Ela já sabe até dizer "chegamos"...
Amo as caretas para cada nova comida, uma carinha estranha, as vezes uma careta de nojo, mas, não tarda a repetir, a tentar mais uma vez, as vezes, se for um doce, mais duas, três, quatro vezes... São os sabores do mundo fazendo parte de seu, tão recente paladar. A vida é doce, minha filha, pode acreditar...
Amo observar as novas poses, assistí-la cruzando as pernas, apoiando os bracinhos no chão, encontrando o seu espaço de conforto com gestos tão independentes, tão adultos, que quase penso que ela não é minha. E é?
Amo ver o tempo passando, ora rápido, ora devagar. Os cabelinhos passando da nuca, os dentes aparecendo entre os lábios, as unhas, de novo compridas. É o tempo. É o tempo filha, que, já, já, você vai ver que voa...
Amo quando o vento bate do rosto dela e, ela, com um instante de alegria, abre a boquinha, quase que tentando engolir aquele ar que passa. Ela puxa, respira fundo, franze um pouco os olhinhos e, me notando sua observadora, sorri.
Amo as pequeninices do dia a dia. E, sei, não tardará muito para que eu sinta falta dessas pequenas doçuras cotidianas: A sobrancelha ganhando forma, o cabelo encaracolando, os risinhos sem razão, o limpar de nariz que ela dá na minha camisa, o rosto virando quando eu tento pegar uma meleca, ela secando a sujeira em mim...
Amo. Amo. Amo cada detalhe da maternidade. Muito mais, ainda muito mais, do que eu sempre soube que amaria.