segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A escola

Filhinha querida,
Hoje, de manhã cedo, quando te deixei na escola, uma emoção muito nova tomou conta de mim. E eu que achei que já tivesse tantas emoções novas com você, todos os dias.
Mas, hoje, ainda antes das oito, quando você deu a mãozinha para a professora e sumiu entre outras crianças, meu coração se apertou. Um misto de felicidade e apreensão. Orgulho e medo, alegria e tristeza.
Minha pequena filha, aquela nenenzinha cujo umbigo parecia que não ia cair nunca, saiu andando, serelepe e desconfiada, rumo àquele portãozinho azul. E eu nem comprei uma lancheira. E eu nem comprei uma mochila. E eu nem avisei que ela põe massinha na boca. E eu nem contei que ela morde - as vezes. Melhor nem contar, vai que ficam com preconceito. E eu devia ter dito para oferecerem água pra ela, com esse calor, será que vão lembrar? Será que não deveríamos ter ido pra piscina, tão mais gostoso, demorou tanto a fazer sol. Fomos tão poucas vezes e, gente, esse janeiro voou, o que foi isso? Daqui a pouco é dezembro, e, depois outro ano e, ai, meu Deus, não falta muito pra que ela seja adolescente... Será? Será que é verdade mesmo que passa depressa sempre? Será que não foram só esses primeiros anos que correram demais?
Ai filha, será que vou saber ainda fazer parte do seu mundo, agora que você tem músicas novas, amigos novos, até come coisas que nunca nem experimentou?? Será que ainda vai ser minha menininha, aquela neném que grudava em meus braços feito bicho, quando eu tentava te por no berço?
Agora é que notei, as suas bochechas gorduchas já nem existem mais, o cabelo já é comprido, para onde foi a bebê carequinha com quem cheguei em casa? Tão assustadas éramos, nós duas né? Agora, não sei você filha, mas eu to apavorada. Jesus, como o tempo passa depressa! Não tardará para que você cresça e, mentalmente, vou fazendo a minha lista de coisas para não deixar de fazer. Preciso fazer cócegas em você o suficiente, te girar pelos braços enquanto ainda é pequenina, preciso te ensinar a dar uma cambalhota de verdade, preciso ainda fazer uma cabana na sala com você, te fazer uma massagem, te dar um cheiro, infinitos beijos e abraços, acho que não fiz o bastante e, veja, não enxergo mais onde você foi. Naquela sala? Na primeira ou na segunda? Te perdi de vista e, olha, se fosse na praia já teria chamado a polícia, mas, ali, bom dizem que até tenho que gostar... Tchau filha, tchau - tento acenar, te procurando entre outras crianças. Depois mamãe vem te buscar!Grito, para mim mesma, para que eu escute o meu compromisso. Para que eu saiba, ouça, berre que, sim, te busco já já filha, você volta viu meu bem?...

4 comentários:

  1. kika, chorei!
    Tenho a mesma sensação de que o tempo voa ainda mais rapido agora... e isso não deve ser exclusividade nossa, né?!
    São as alegrias e as "tristezas" da maternidade... e vc sempre sabe por em palavras de um jeito especial!
    bjs

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  2. Kika como vc escreve tao lindo! como dESCREVO este sentimento que é o amor infinito de maneira tão singela e profunda. Que coisa ler este texto menina....que lindo tudo, que lindo esta parte de girar pelo braços enquanto é pequenina. Obrigada pelo frescor que deu a minha manhã! obrigada por este seu texto que me fez sentir tao tao tao tao afortunada. É amiga, o tempo voooooooa! minha primeira menininha, aquela que me transFORMOU de filha em mãe, esta na faculdade. Trabalha de dia e estuda a noite. Nao senta no almoço para comer com a gente, sei lá por que kilo da vida minha pequena é alimentada! mas sei que cada segundo conta e tudo que vivemos as coisas acertadas e as nem tanto, estao empregnadas em todos os poros desta mulher linda que desabrochou. Por isso nao leve tao a serio as noites mal dormidas, elas passam. Ai chegam as baladas, que vc tambem nao vai descansar totalmente! bjo imenso! adorei me ler em suas palavras. Vc é mesmo especial!!!!! esta Monica Camargo é sabida mesmo, vc só podia ter chegado na minha vida pelas maos dela!

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    1. Biba querida, preciso mesmo te conhecer! Até para você me preparar e me ensinar a lidar com essa chegada dos filhos à vida adulta. É tão fácil errar né? E, pelo teu blog, smepre penso o contrário. Sempre que leio penso que fácil mesmo é acertar. Olha aí, como é você que me contamina pelo que é bom :) Obrigada! e um beijo!
      Kika

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  3. muito lindo baby!!!te amo

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