quarta-feira, 20 de abril de 2011

O preço da língua



Eu sempre achei meio ridículo esses casais que depois que têm filhos ficam presos, não saem mais e nunca mais viajam sozinhos. Achava o retrato da panaquice os pais envelhecendo, as mulheres engordando e os homens ficando carecas, cada um em suas pequeninices, distraindo os filhos entre jornais e computadores, chamando-se mutuamente por "pai"e "mãe", encantados com qualquer tolice dos rebentos, o mundo parecia ter se encurtado para eles.
Pois bem. Daí cresci, casei, tive a minha filha e, obviamente, paguei a língua.
A vida mudou tanto...
Já não faço idéia dos filmes que estão em cartaz, não tenho a menor noção do que são os tais conflitos na Líbia, mas sei de cor e salteado todas as músicas do Backyardigans, e não consigo ver Jornal Nacional porque é bem na hora do Peixonauta.
"A vida encurtou" devem dizer os jovens tolos que assistem de fora. Talvez... Para eles. Aqui, a vida engrandeceu. Aumentou. Faço força para não engordar, cuido da careca do marido e, veja, fizemos a primeira viagem a dois. Foi ótimo. Choramos feito crianças. A vida encurta e aumenta... Depende de onde se vê.
OBS. Nos chamarmos por "pai"e "mãe", isso sim, ainda dá pena de morte aqui em casa.

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